Dias difíceis



Tenho vivido dias bem difíceis...

Sempre acreditei que era o tipo de mulher inabalável. Tão dona de mim, bem resolvida, independente, bem quista por tantos, que mesmo tendo meus momentos de turbulência, a certeza do controle e auto controle de tudo nunca me deixaram cair.
Sempre soube também que, por trás desse "mulherão da porra", existe uma menina doce, romântica, inúmeras vezes indecisa e insegura, cheia de sonhos, mas que não se permitia ser abalada por nada e nem por ninguém. Toda fase ruim, vinha acompanhada da minha certeza de que era passageiro.

Certeza... (Pausa breve, aquela respirada com força, alguns segundos pra organizar tudo que vêm a cabeça)

Certeza essa que foi lançada na descrença de que eu seja de fato tudo o que citei acima. Certeza que foi engolida por medos e fantasmas que hoje me atormentam da forma mais injusta e perversa possível. Aquela mulher que balançava mas não caía, hoje se vê no chão. Fazendo um esforço diário pra vencer ao menos, a vontade de não sair dali. 
Com o peito carregado de impaciências, inseguranças, desânimo, raiva e muitas vezes, inércia. Um enorme desejo de fazer - NADA.

É louco ouvir as pessoas me aconselhando de forma rasa e muitas vezes leviana, me pedindo esforços e me jogando no colo a responsabilidade de me colocar numa posição diferente. É louco ter a consciência de que elas me dizem aquilo que certamente eu diria a elas, mas que do lugar que me vejo hoje, não acredito. É louco ter noção e entender determinadas coisas, e mesmo assim... não conseguir caminhar em direção a elas. 
E ai eu me pergunto: - Será que não sou eu mesma que estou me boicotando? Mas porque eu faria isso comigo? É tão mais fácil e interessante ser aquele mulherão da porra! Mas onde ela foi parar? Será que de fato ela existe? 

Me dou conta de que nunca antes estive tão confusa. As minhas crenças se degladiam e se questionam sem parar. As minhas certezas já não mais existem. A luz do sol tem perdido cada vez mais, espaço para o escuro do meu quarto. É tanta zuada em minha cabeça, que eu tenho implorado pelo silêncio. Ta tão difícil...

Talvez a ventania dessa vez tenha vindo um pouco mais intensa e com isso o estrago um pouco maior do que todas as outras vezes. Talvez eu só precise ser um pouco mais forte... Eu só não enxergo mais força em mim.
Eu só queria um pouquinho de calmaria, num peito que tem vivido em contante alvoroço.

É... tenho vivido dias bem difíceis!

Dila Mota

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