Sempre fica tudo bem...



Hoje tudo que eu precisava era me transformar numa daquelas mulheres estéricas, diferente de tudo que você está acostumado em mim. Preciso ser ciumenta, brigar, discutir com voracidade, gritar, questionar tudo que sempre quis, acusar mesmo sem provas.
Eu estava ansiosa, andando de um lado pro outro da sala, olhando no relógio por segundo, repetindo sozinha frases que nem eu mesma sabia o real sentido de estarem sendo ditas. O chão já estava quase cedendo, de tantos passos que eu dava seguindo o mesmo percurso, olhando pra porta sem parar, aguardando a sua chegada.
Finalmente ouço o barulho da chave entrando na fechadura, era você chegando. Corri pro sofá, puxei a primeira revista que encontrei e fingi estar lendo ela. Você entrou e como de costume, pôs a chave em cima da mesa, me deu um beijo na testa, e enquanto ia na geladeira procurar algo pra beber, perguntava como eu estava.
- Bem meu amor! (Foi a minha resposta, sem tirar os olhos da revista que no fundo eu nem enxergava)
- Bem amor? Tem certeza? Você ta lendo uma daquelas minhas revistas que fala sobre política e outros assuntos que nunca foram do seu interesse... e está tudo bem?
- É, resolvi me interessar pelo assunto, me informar, porquê? Não posso?
- Claro que pode meu amor, você pode tudo que você quiser.


Nessa hora eu comecei a ferver por dentro, senti uma pitada de irônia e então comecei aquela discurssão tão desejada. Ele mesmo sem entender o porque de tudo aquilo entrou no meu jogo, eu gritava e ele me chamava de louca. Eu o questionava e o acusava e ele dizia que era tudo fantasia minha, que eu era a coisa mais importante da vida dele. Comecei a chorar e jogar coisas pela parede. Ele disse que eu tava precisando de um tratamento, pegou a chave do carro e abriu a porta...
Eu fiquei parada, olhando, chorando, esperando que ele fosse pra poder então desabar o restante de raiva que eu sentia sem mesmo saber porque ou pelo quê. Ele ficou alguns segundo parado em direção a rua, eu parada esperando ele ir e, nessa hora, ele deu um passo para trás, fechou a porta rapidamente e antes que eu pudesse reagir, ele veio contudo para cima de mim e me tomou num beijo misto de raiva e um desejo incontrolável.
Em meio a lágrimas, resistência e entrega, eu me dei a você.
Ainda parecíamos estar brigando, mas num ritmo e numa intenção diferente. Você me encostou na primeira parede que viu e enquanto segurava com uma das mãos os meus cabelos, arrancava as minhas roupas com a outra. Eu tentava falar e você me calava com teus beijos, ardentes, cheios de vontade. Pulei na sua cintura e ainda ali, encostada naquela mesma parede, me desfiz daquela raiva e daquela vontade de explodir de uma outra maneira. Os meus gritos e falas já não eram mais de briga ou acusações, as minhas mãos em você já não davam mais tapas, apenas o seguravam com força, mantendo-o o mais perto do meu corpo possível.


...


Agora nossos corpos estavam jogados pelo chão da sala, ofegantes, molhados de suor. Nos olhamos por alguns segundos, calados, até que juntos nos dissemos:
- Eu amo você!
E tudo voltara a ficar bem novamente.

Comentários

  1. Essas fases femininas tem cara de tpm. Mas gurias com o olhar e o sorriso que tu tens, ficam ainda mais belas quando estão nervosas.
    Parabéns guria.

    Abraços
    Gaúcho

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