Adeus e Boa Sorte

Diante de tantas brigas e desencontros, só me resta uma certeza: As minhas certezas já não existem mais...
Aquele cara doce que me cobria de juras de amor não habita mais em você. A rosa que toda manhã estava no seu lugar na cama para que, quando eu acordasse ainda sentisse você perto está murchando. Os bilhetinhos me desejando dias lindos e já tão cheios de saudade, antes mesmo de você ir, parecem tão antigos que consigo perceber as letras se apagando, a folha amarelando. Parecem desejos tão antigos quanto a nossa crença em: 'Juntos e felizes para sempre.'

Porque chegamos a esse ponto? Porque deixamos aquela leveza que nos acompanhava se transformar em cobranças e brigas desnecessárias? Não é isso que quero pra nós... Nem sei mais se quero nós.

Agora, enquanto escrevo, me pego em flashs de como era ímpar a nossa relação, do quão fácil era para nós sermos felizes, compreendíamos as necessidades um do outro apenas no olhar e sem nenhum sacrifício, nos empenhávamos para suprí-la. Lembro-me de como tudo era tão divertido. Das infinitas vezes em que logo cedo, ainda sonolenta, conseguia sentir o teu toque em meus cabelos e o beijo leve antes de ir pro trabalho. Tudo feito com o maior cuidado para não me acordar tão cedo. Sem saber que sempre estive acordada, te olhando se arrumar e ir... Mas preferia fingir que não, era mais gostoso ver todo aquele ritual matinal que se encerrava quando você arrastava o carro e eu me virava pra ver a rosa e o velho bilhete que dizia:  
-"Lindo dia para mulher mais linda de todas. Te amo."

Lembro-me dos nossos almoços de fim de semana que enquanto eu cozinhava para nós, ainda vestida apenas de calcinha e com a tua camisa, você ficava se dividindo entre o programa de esporte, a internet e os elogios que hora ou outra soltava pra mim. Dos nossos jantares românticos, desnecessários de datas especiais. Das nossas fantasias, que a cada dia surgiam com menos juízo e pudor. Dos passeios a beira mar esperando o sol se pôr. Das minhas birras durante a tpm que acabavam diante de uma caixa de chocolate que você sempre mantia guardada pra esse tipo de ocasião. Dos nossos planos, nossas juras eternas, feitas sobre os lençois e cômodos da casa que testemunhavam nosso amor.

Onde foi parar tudo isso? Porque deixamos que essa felicidade saísse pela porta da frente sem que ao menos tivéssemos tentado evitar que ela se fosse? Como deixamos tudo acontecer? Onde foi que nós erramos? Penso, quebro a cabeça e não consigo achar essas respostas. A única coisa que eu sei é que as certezas que um dia tive, hoje não tenho mais. Estamos trilhando caminhos diferentes. Aquela estrada que era mão única, em algum momento nos deu outra opção e sem que um de nós se desse conta, você ou eu à escolhemos sem segurar com força a mão do outro, chamando pra que seguisse junto.

Covardia? Fraqueza? Impulsividade? Despero? Não sei que nome dar ao que decidi fazer, mas é isso, estou desistindo de nós, agora vou investir em mim. Li em algum lugar que não podemos permitir que outra pessoa carregue nas costas a responsabilidade de sermos felizes, que precisamos antes de mais nada conquistar a nossa independência sozinhos pra depois nos entregarmos a essa busca pela felicidade compartilhada. É isso que vou fazer... Quem sabe um dia, depois que eu e você tivermos alcançado isso, voltemos a nos encontrar e sejamos juntos, novamente... Aquele casal perfeito?

Até lá... Adeus e Boa sorte.

"Aperte-me em teus braços, este é, nosso último abraço. Estou deixando você, não dá mais  para mim... Desanimei de meus sonhos, não quero mais, amar assim... Amar de forma unilateral não faz parte, dos meus sonhos. Estarei indo em busca, de novos horizontes. Quem sabe, no meio do caminho encontre alguém, que lembre você? Recomeçarei...
Eu sou todo amor e te amei. Tudo que havia de bom em mim dei a você... Levarei comigo o sabor suave de seus beijos, o calor de teu corpo. Você, todo tatuado em mim..."
(Joe Luigi)

Dila Mota

Mudaram as Estações - Cassia Eller

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